por Ricardo Miranda Qua Fev 24, 2010 11:02 am
Isto não é assim tão simples e é preciso ser mais racional do que emotivo na resolução destes problemas.
Eu também estava para iniciar com um projecto de conservação da Drosophyllum um Portugal, avançado com a recolhendo assinaturas de forma a colocar esta planta como interesse de salvaguarda nacional. Todo isto foi despultado depois de um artigo publicado na Carnivorous Plant Newsletter da ICPS em Setembro de 2009 que retrata um cenário muito feio do estado da conservação da Drosophyllum no nosso país.
Também a minha ideia era a recolha de sementes in loco e preceder à expansão em área da sua comunidade e posteriormente fazer com que esta área fica-se protegida, salvaguardando-se de todos os ataques.
Tudo isto é idilicamente muito bonito quando caímos na triste realidade.
Esteve a conversar pessoalmente com o Arq. Henrique Pereira dos Santos que é Chefe da Divisão de Apoio à Gestão das Áreas Protegidas no ICN e que me colocou os pés no chão.
Um projecto de protecção de plantas, ainda por cima carnívoras que atrai a atenção de todo e mais algum curioso, que assente a sua estratégia de conservação na actuação directa no seu habitat, pela identificação e delimitação das suas populações é um grande passo para o principio da sua extinção. A ignorância aliada à curiosidade, rapidamente levaria as pessoas a arranjar as plantas uma por uma para levar para casa e perderíamos de vez a Drosophyllum lusitanicum em Portugal.
A melhor maneira de ajudar esta espécie é actuar o menos possível no seu território. Já é uma planta identificada no ICNB como planta a ser protegida, por isso todas as acções têm de ser tomados de forma indirecta em relação à sua conservação, mas actuando directamente sobre os problemas que afectam a sua sobrevivência. Essas acções discutidas com as entidades competentes de cada zona, neste caso, as Câmaras Municipais.
Por exemplo, um dos problemas que constituem um problema para as plantas carnívoras num local que visitei, por incrível que vos possa parecer, é o BTT e as moto-quatro (principalmente estas ultimas). Uma medida para proteger as plantas, proibir a circulação destes veículos, sem qualquer justificação. São apanhados a andar ali, são brutalmente multados.
É uma zona onde começa a circular muitas pessoas e nota-se que isso está a acabar com as populações? (esta foi mesmo sugerida pelo Arq. Henrique Pereira dos Santos) Uma placa a dizer " Zona com Cobras Perigosas". Eu sei que isto à primeira vista parece estranho, mas é das melhores coisas que se podem fazer pela protecção destas plantas.
Para avançar com isto é conversando com os Vereadores do ambiente de cada região e chegar a um acordo, com medidas bem pensadas, e que acima de tudo, salvaguardem que a sua localização não seja conhecimento do público. Mais importante do que existir uma mão a proteger, é importante que não exista mãos e pés num raio de quilómetros do seu habitat. Elas sobreviveram milhares de anos sem a nossa presença, agora só precisam de nós nos mantermos distantes agora e no futuro.