Estou parcialmente contigo Rafael. Já vi plantas em Portugal com esse aspecto mais "arbustivo" elevado, e não parece haver nenhum padrão geográfico, uma vez que podem ocorrer lado a lado com plantas com o aspecto baixo que eu mostrei. Assim, seria improvável que houvesse uma diferenciação genética, se plantas com diferentes formas ocorrem lado a lado.
Parece-me que é uma variação simplesmente devido à plasticidade fenotípica (isto é, que não tem base genética) e sua resposta a diferentes condições ambientais - mas estou a pensar em condições à micro-escala e não relacionadas com o clima. Ou seja: essas plantas mais "arbustivas" aparecem quase sempre no meio do mato e não em sítios abertos - por um lado, no meio do mato pode haver menos luz, o que faz que elas fiquem mais estioladas, ou seja, ocorre maior alongamento dos caules (entrenós). Por outro lado, o facto de haver arbustos dá-lhes mais suporte para se manterem em pé, além de que terá menos vento devido ao abrigo dos arbustos. E depois, não esquecer que um local com arbustos destes já não é desmatado há mais anos do que um corta-fogo, pelo que os DL que lá estão são, claro, mais velhos, e tomam essa forma.
Julgo que estas três coisas devem ser os factores principais em jogo relacionados com a diferente forma. Mas claro que a realidade é sempre mais complexa do que pensamos e certamente haverá excepções, lacunas e falácias no meu raciocínio! E ecologia não é uma coisa nada simples.
Não devemos subestimar a plasticidade fenotípica das plantas. Temos de saber distinguir o que são variações em resposta ao ambiente, do que são variações com base genética. Há plantas brutalmente polimórficas.
Não estou a dizer que seja impossível haver diferenciação genética das populações portuguesas, espanholas e marroquinas, claro que é possível! Aí está um bom tema de doutoramento em biologia; tem sumo! Acho que ninguém ainda fez isso nesta planta.
Como qualquer planta, o facto de estar mais exposta deve fazer mais fotossíntese e ao mesmo tempo captar mais insectos.
Bom, isso não é assim tão simples. Há muitas plantas que se adaptaram a condições de sombra, e simplesmente não aguentam a intensidade do sol directo porque a sua anatomia e fisiologia não estão preparadas. E estás a esquecer que, mesmo em plantas de sol, existe um fenómeno de inibição da fotossíntese quando a luz é muito elevada (fotoinibição), bem como todos os outros factores ambientais que estão em jogo; água, vento, humidade atmosférica, temperatura, e coisas ainda mais obscuras. Se as coisas fossem assim tão simples, não haveria uma ciência chamada ecologia!