por Henrique Marques Ter Fev 23, 2010 5:07 am
Natal:
Tinha eu os meus 14 anos, e saiu-me na rifa ter que me vestir de pai natal para os meus primos mais novos (tradição parva que a minha família tem). Como não sou muito apologista desta época, decidi armar-me em rebelde e quebrar esta tradição.
Vai daí, e em vez de vestir o tradicional casaco vermelho, barbas brancas e gorro vermelho, visto pura e simplesmente um fato de mergulho (com uma almofada a fazer barriga), uma barba amarela e um gorro às cores daqueles com um guizo na ponta.
Escusado será dizer que os putos começaram todos a chorar porque o pai natal não tinha vindo naquele ano e que a minha família toda ficou de "trombas" comigo durante bastante tempo.
Digo que isto foi uma coisa parva pois agora que sou mais velho percebo a estupidez da minha acção.
Alcóol:
Nos meus belos 18 anitos, 1 mês após tirar a carta de condução, decidi sair à noite para festejar. Estavamos numa daquelas noites chuvosas de Inverno, daquelas que só os corajosos se aventuram a sair à rua. As temperaturas rondavam os 6ºC. Já com os copos, e sem dinheiro para pagar a conta num bar de um amigo meu ao pé da praia, meti-me à conversa com um senhor desconhecido já de idade. É ele um velho lobo do mar, daqueles pescadores que enfrentaram tormentas sem conta nos seus dias mais juviais.
Com os copos e sem um chavo no bolso, fiz uma aposta com esse tal senhor. Diz-me ele "Se conseguires entrar no mar numa noite destas, pago-te a tua conta e tudo aquilo que conseguires beber hoje.". Claro que não poderia desperdiçar uma oportunidade destas e digo "Meu caro senhor, prepare o seu dinheiro pois eu sou capaz.".
Foi por volta das 4 da manhã, praia de Armação de Pêra, meto-me em pelota e lá vou eu para dentro de água. Sorte a minha que até me desenrrasco a nadar pois fui colhido por uma corrente o que fez com que demora-se uns 15 minutos a sair de dentro de água. Ao sair, já sóbrio por causa da adrenalina, o senhor vira-se para mim e diz "Parabéns miudo. Mereces bem ter ganho a aposta. Muita gente recusaria entrar na água numa noite destas."
E a noite continuou bem enquanto durou a adrenalina. Quando esta desapareceu, o frio era tanto e o alcóol bateu-me de tal maneira que tive que ir dormir para o carro. Escusado será dizer que no dia seguinte estava com uma constipação de brandar aos céus. Isso, aliado a uma ressaca mostruosa, tornou-se no meu pior dia de sempre em 25 anos de existência.