Eu concordo e discordo com certas afirmações, mas infelizmente não tenho tempo para comentar tudo de momento. Seja como for, gostaria de dizer apenas o seguinte (e tentando ser super simples):
- A diversidade vegetal do nosso planeta é elevada (falando em todas as plantas e não apenas em carnívoras)
- As diferenças entre os diversos grupos de plantas é óbvia, logo o ser humano desde muito cedo sentiu a necessidade de classificar os organismos e atribuir-lhes um nome.
- Os problemas surgiram em estipular limites, ou seja, onde acaba a espécie e começa a subespécie? Que características morfológicas/genéticas devem ser consideradas para agrupar as plantas em famílias?
Sem querer ir mais além devo dizer-vos que não existe uma definição satisfatória e
universal para o termo "espécie" (termo esse que nós inventámos para tentar classificar os organismos). Então se o conceito "espécie" é algo abstracto, então as subespécies, variedades, cultivares e... os híbridos, são todos eles abstractos também. Pois na Natureza os grupos de seres vivos designados por nós de "espécies" (eu gosto sempre de utilizar aspas lol) surgiram por diversas maneiras ( Por deriva genética, introgressão, selecção natural, poliploidia (vivam as Poáceas!) e até mesmo... ..."hibridização" (aspas aqui também pois o termo híbrido é relativo a espécie e depende da definição desta última).
Assim sendo um certo taxonomista pode elevar a família uma subfamília, e consequentemente as subespécies passam a espécies.
Ex: Na família Fabaceae (feijões e afins) alguns taxónomos dividem-na em 3 famílias (Mimosaceae, Caesalpiniaceae e Papilionaceae) mas outros consideram a família como uma única subdividida em 3 subfamílias (Papilionidae, Caesalpinioidae e Mimosoidae).
Confuso? Então considerem um exemplo super concreto para eliminar discrepâncias.
Gostam da Nepenthes mirabilis?
Como já devem calcular existem "variantes", uma delas possui peristómio peculiar
Nepenthes mirabilis var. echinostoma
E aqui vai uma foto de outra "forma" mais típica da mesma "espécie". Muitas vezes designada por Nepenthes mirabilis, mas se considerarmos a N. mirabilis var echinostoma como uma "variedade" de N. mirabilis, então terá que forçosamente existir uma outra "variedade", designada N. mirabilis var mirabilis.
Suponham que possuem ambas as plantas e as cruzam. O que é que obtêm? Um híbrido? Um cultivar? Uma variedade?
Pois tudo depende. Se as plantas são consideradas duas "variedades", então aquilo que têm entre mãos é um "híbrido de variedades"!
Espera lá! Então um "híbrido" não é o cruzamento entre duas "espécies"???
Sinceramente não sei! Diz-me o que é uma espécie e eu dir-te-ei o que é um híbrido (natural, artificial, seja o que for).
No futuro pode vir um taxónomo e elevar a N. echinostoma a "subespécie" ou até mesmo à categoria de "espécie"! Ou então nunca poderá deixar de ser considerada um mero "ecótipo".
Esperem lá, eu disse nunca? Pois, peço desculpa, pois daqui a milhares de anos, as coisas não serão assim, se é que me entendem. Nós é que vivemos muito pouco para presensear tal coisa...
Os genes continuarão a sua odisseia entre grupos de seres vivos geneticamente compatíveis, sejam eles considerados "hibridos", "subespécies" ou "cultivares". E todos estes termos da treta inventados por nós, seres humanos, que têm sempre a mania de tentar controlar tudo e todos... mas no fundo é um falhanço total, pois tudo é relativo!
Não vale a pena andar aqui a discutir sobre o quê é o quê. É uma perda de tempo... Se são como eu e estão a tentar preservar a diversidade do reino vegetal (diversidade sem aspas pois esta sim existe, com ou sem a patética "espécie"), então nunca reintroduzam material vegetal no habitat natural proveniente de uma outra região. É super-grave plantar um Drosophyllum oriundo de Espanha ou Marrocos em Portugal (eu disse super-grave, mas queria dizer GRAVÍSSIMO e mesmo assim acho que não dei ênfase suficiente...)
Aparentemente podem estar a pensar... "Epá mas se o fizesse estaria a introduzir diversidade genética nos Drosophs Tugas"
Pois é verdade! Têm toda a razão! E diversidade genética é bom! Mas essa diversidade é boa se se mantiver ou aumentar. Neste caso a diversidade será apenas a curto prazo, pois se toda a gente fizer o mesmo e reintorduzir Drosophullum de outras regiões na sua, todas as populações de Drosophyllum serão homogeneizadas e existirão alélos genetico locais que serão perdidos para sempre. E depois o Drosophullum nunca deixará de ser um género monoespecífico, se as suas populações não divergirem...
Como costuma dizer uma amiga minha, quanto mais queijo menos queijo... E isto aplica-se para outra planta qualquer