Aqui vai a informação que recolhi:
"Em Portugal estão referenciadas oito espécies de plantas carnívoras espontâneas, pertencentes a duas famílias (Droseraceae e Lentibulariaceae), no entanto, a ausência de estudos recentes de biologia, ecologia e distribuição não permite afirmar, com absoluta certeza, que todas essas espécies ainda possam ser encontradas em território nacional.
Família Droseraceae
- Drosera rotundifolia(na foto) e Drosera intermédia (orvalhinhas):
Surge quase exclusivamente a norte do rio Vouga. São plantas vivazes que raramente ultrapassam os vinte centímetros de diâmetro. As suas folhas modificadas, com uma forma idêntica à mão humana, encontram-se recobertas por aproximadamente duzentas glândulas pediculadas recobertas por mucilagem. Logo após o contacto com a presa, geralmente pequenos insectos que pousam inadvertidamente sobre as folhas, as glândulas pediculadas começam a curvar-se de modo a envolver a preciosa “refeição”. Segue-se a acção das enzimas digestivas que são libertadas pelas glândulas e a absorção dos produtos assimiláveis. Findo todo este processo, as glândulas e a folha retomam a posição inicial, sendo bastante comum encontrar os restos mortais (esqueletos quitinosos) dos últimos insectos que foram capturados e digeridos pela planta.
-Drosophyllum lusitanicum (erva-pinheira-orvalhada):
É uma planta com cerca de vinte a trinta e cinco centímetros de altura, que ocorre em solos secos, siliciosos ou xistosos, estando confinada a algumas populações isoladas ao longo de uma estreita faixa litoral do nosso País.
Família Lentibulariaceae
- Pinguicula vulgaris
- Pinguicula lusitanica
São pequenas plantas perenes com raízes pouco desenvolvidas e que se distinguem facilmente das outras plantas por apresentarem uma pequena roseta de folhas aplicadas ao solo, do centro da qual emerge, na época da floração, a respectiva haste floral que suporta uma única flor. As folhas são geralmente de cor verde-clara e apresentam os bordos ligeiramente enrolados, encontrando-se a página superior revestida por glândulas que produzem mucilagem que funciona como primeiro mecanismo de captura dos insectos. Após sentir a presença dos insectos a debaterem-se para se libertarem do visco que os mantém aprisionados, inicia-se o enrolamento da folha de modo a envolver melhor as presas nas enzimas digestivas. Os insectos parecem ser atraídos para as folhas das pinguicolas através de um intenso odor a cogumelos putrefactos exalado pela planta. A outra espécie, P. vulgaris, possui um aspecto bastante similar à anterior, distinguindo-se dela apenas pelas suas maiores dimensões e pela cor mais escura das suas flores. A P. vulgaris é indubitavelmente a planta carnívora mais rara do nosso país, uma vez que só é conhecida uma única localização em Portugal. Já o mesmo não acontece com a P. lusitanica, que possui várias localizações ao longo do litoral a norte do rio Vouga. Aliás, esta espécie encontra-se habitualmente associada às orvalhinhas, uma vez que ambas possuem idênticas exigências edáficas e climáticas.
Família Utricularia
- Utricularia subulata
- Utricularia gibba
- Utricularia australis
A primeira é um geófito de caules capilares e subterrâneos, que se julga poder já estar extinta no nosso País, uma vez que não é observada em território nacional desde a década de quarenta do século passado, enquanto as duas últimas são hidrófitos submersos ou flutuantes que habitam as lagoas e pântanos de água doce. Pelo facto de viverem totalmente imersas, estas plantas são das mais desconhecidas de todas as plantas carnívoras, uma vez que são difíceis de observar, excepto na época de floração, que vai de Junho a Setembro, em que as flores de cor amarelada se elevam acima da superfície da água denunciando a sua presença. As utriculárias são desprovidas de raízes e possuem um caule muito fino sobre o qual se inserem, alternadamente, formações foliáceas. Distribuídas com uma certa regularidade e ligadas aos lóbulos foliares por curtos pedúnculos, encontram-se pequenas vesículas ou utrículos, que constituem armadilhas altamente especializadas, com que estas plantas capturam as suas presas aquáticas: crustáceos e larvas de insectos. Dado o elevado número de espécies existentes neste género, é natural que exista uma enorme variedade morfológica de utriculárias, no entanto, o funcionamento das suas armadilhas é idêntico em todas elas: os utrículos são pequenos «sacos» com uma única abertura, junto à qual existem, habitualmente, pêlos sensitivos que detectam a presença das pequenas presas; quando algum animal aquático estimula os pêlos sensitivos, o utrículo aspira-o em milésimos de segundo; enquanto a presa se vai debatendo no interior do utrículo, a planta vai libertando as enzimas digestivas que acabam por matar e digerir a próxima «refeição» e para concluir todo este minucioso processo, resta à planta absorver os nutrientes do interior da sua esmerada armadilha."
by Jorge Nunes
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