Projecto de Preservação das Plantas Carnivoras Autóctones

Saudações comunidade,

No recente tópico Spot de Drosera intermedia, temos vindo a debater sobre as barbaridades que são cometidas a nível nacional, comprometedoras da sobrevivência das Plantas Carnívoras Autóctones em território nacional.

Todos concordamos que é um atentado ao espólio botânico lusitânico a destruição destes habitats, e a indignação dos users é também evidente. Deste modo, achamos que devemos actuar, enquanto comunidade, na tentativa de reduzir a extinção de que estas plantas estão a ser alvo.

Para tal, já nos lembrámos de várias medidas:

-Controlar as populações que conhecemos, de modo a perceber se estão em crescimento ou em depressão;
-Enviar cartas/e-mails de notificação a associações que actuem sobre a protecção do ambiente, nomeadamente Quercus, ICN, LPN, Ministério do Ambiente, etc.
-Semear, nas proximidades do nicho, plantas das mesmas espécies, de modo a alargar a população, ou, pelo menos, a afastá-la do local que será destruído;

Neste último ponto, acho que todos concordamos que agir de forma pouco cogitada é irresponsável, dado que qualquer intervenção antropogénica em determinado habitat provoca, muitas vezes, desequilíbrio ecológico, dada a competição e a predação que uma espécie exógena pode provocar.
Deste modo, sugiro que recorramos a pessoas que tenham formação na área da botânica (o nosso Michael), da ecologia e quem sabe até da engenharia do ambiente/planeamento regional.

Eu mesmo já escrevi um e-mail para o Ministério do Ambiente, e o Cédric enviou também para a Quercus e para a LPN, mas em todo o caso não temos provas de que o local pelo Sérgio descoberto vá ser transformado em campo de golf, assim como eu não tenho provas de que naquele spot de Drosophyllum lusitanicum, houvessem mais plantas no sitio onde é agora toda aquela construção.

De qualquer forma, vou tratar também - se ninguém se opuser, é claro - de enviar um e-mail a uma ecologista do Instituto Politécnico de Leiria - Escola Superior de Turismo e Tecnologias do Mar, a expor a situação, e a convidá-la a juntar-se à nossa comunidade, de modo a ajudar-nos neste nosso projecto.

Mais sugestões, opiniões e criticas procuram-se

Vamos nós, CPPC, como 400 e tal que somos, mudar esta realidade!

Cumprimentos,

Rafael Félix

PS: Estou a pensar criar um "gmail" para este projecto. Posso criar em "nome" da CPPC? Com algum endereço que sirva para a nossa comunidade entrar em contacto neste tipo de situações? Imaginem, projcppc@gmail.com (exemplo). Que vos parece?

Por mim tens carta verde pa seguir em frente

Então eu vou criar, e tu, como administrador, ficas com a pass também

ok. manda tambem po ricardo miranda sffv. thanks

Pessoal, foi criado o e-mail. É aquele dito acima: projcppc@hotmail.com

Por motivos óbvios, a password não pode ser dita aqui, nem a todos os membros.
Assim, tenho-a eu, que criei o e-mail, e têm o cédric e o ricardo miranda.

Quando o e-mail deixar de servir p este projecto e passar a ser p todos os assuntos relacionados com a CPPC, altera-se a pass e apenas os administradores a sabem..

Entretanto envio um email à dita ecologista, e depois meto-o aqui também...

Pessoal, toca a colaborar com ideias! Contamos com a colaboração de todos os membros!

E-mail enviado!

Acabei por enviá-lo à Doutora Teresa Mouga, botânica de renome. Convidei-a ainda a integrar a nossa comunidade! Estou certo de que, com a ajuda do Michael, serão uma mais valia para o projecto!

Agora é esperar. A Dr Teresa Mouga é directora da ESTTM (IPL), pelo que, dada a sua carga horária, decerto demorará a responder!

....Estou a seguir este projecto

Cumprimentos

Parabéns pela ideia

Bem ainda bem que se começou este projecto. Temos que pensar nalgum lugar onde se possa falar abertamente dos locais sem risco de más intenções.

Os mails é um bom passo inicial. Dificilmente encontrarão pessoas com tempo para este projecto (infelizmente um problema de todos). Já tenho tantos emails enviados que já perdi a conta. Mas claro que vale a pena. Mesmo que a resposta seja "não tenho tempo".

Eu não sei se as associações nos poderão ajudar. Pelo menos o ICN mandou-me um email muito organizado e até pediram os locais que eu tenho conhecimento. Mas pergunto-me o que farão com essa informação. Penso também em fornecer os locais ao Jardim Botânico de Coimbra primeiro porque conheço a responsável e a directora e também porque as maiores investigações de carnívoras saíram de la.

Bem mas para terminar uma boa noticia. O Drosophyllum lusitanicum deve entrar na lista negra das plantas em Portugal.

Olá,

Finalmente alguém me dá uma boa noticia!
Mas como sabes isso? Foi o ICN que te disse? Pelo menos estou à espera que a LPN e a Dr Teresa Mouga respondam aos e-mails que o Cédric e eu enviámos, respectivamente!

Os e-mail estão todos enviados.. Agora, com a (possivel) resposta da Dr Teresa Mouga, terei alguma informação a acrescentar, precisamente no que concerne à classificação das carnivoras portuguesas enquanto espécies protegidas...

Quanto à nossa intervenção directa nos habitats, tenho esperança que ela me ajude na parte da ecologia, ou que me indique quem o possa fazer. Depois de termos um "plano de acção" elaborado e que tenha em conta os habitats, as espécies, e o impacto da nossa intervenção, aí sim, o mesmo será divulgado e começaremos com a listagem de voluntários para actuar por zonas!

Cumprimentos,

Rafael

Boa noticia. Esperemos bem que sim, que o droso entre na lista negra

Quanto aos mails ainda nada

Foi um passarinho que me contou. Mas será só o Drosophyllum porque as outras, mesmo que algumas raras em Portugal, existem muitos países onde também existem.

Eu acho isso uma má notícia... Quem me dera que não existisse lista negra!

Sérgio Amorim escreveu:Foi um passarinho que me contou. Mas será só o Drosophyllum porque as outras, mesmo que algumas raras em Portugal, existem muitos países onde também existem.

Isso é um outro erro muito comum Sérgio... As plantas nativas não endémicas devem igualmente ser protegidas, e quando formos ao encontro da CPPC eu explico-te os porquês todos....

Eu estou a ver os porquês mas provavelmente não me vais ver no encontro. Mas isso é para ser conversado noutro tópico.

hum.. estou a ver
de qualquer forma, uma espécie pode ser considerada em vias de extinção, a nivel internacional, mas também pode ser considerada espécie protegida, a nivel territorial, neste caso nacional, pelo ICN.

Olá!
Desculpem não me apresentar ainda que seja novo por aqui; mas já tenho falado pessoalmente com alguns membros!
Queria só dizer umas coisas. Sem dúvida que as nossas PC são raras, mas o problema aqui é que não há recursos (vulgo, dinheiro) para projectos de conservação de todas as espécies raras que por cá temos. Assim, há que atribuir prioridades, uma vez que não podemos conservar tudo. Se vos dessem a escolher entre conservar uma espécie que é muito rara em Portugal mas relativamente comum em Espanha, e outra que é muito rara em Portugal e não existe em mais lado nenhum do mundo, o que é que escolhiam? Óbvio... é só este o problema. Como não podemos conservar tudo, o Drosophyllum em princípio entrará para a "lista negra" e as outras não, é uma questão de prioridades. Posso-vos dizer que temos cá em Portugal muuuuitas plantas que são bem mais raras do que qualquer das nossas PC e que correm actualmente sério risco de extinção global, o que não está a acontecer com nenhuma das nossas PC. São plantas que podem ser desinteressantes, feinhas, minúsculas e ninguém lhes ligar nenhuma, mas na verdade elas também são gente, não vamos desprezá-las por isso!
Vão a este site (uma base de dados geográfica das plantas de Espanha):
http://www.anthos.es/v22/index.php?page=genero&set_locale=es

E procurem por exemplo duas PC raras em Portugal (ex Drosera intermedia, Pinguicula vulgaris) e comparem a sua raridade com outras espécies não-PC que ninguém fala e que há por cá: por exemplo Cirsium welwitschii, Euphorbia uliginosa, Pilularia minuta, Crepis pusilla... C. welwitschii e E. uliginosa são plantas que também habitam turfeiras tal como as Drosera e as Pinguicula; a Pilularia por vezes compartilha o habitat com P. lusitanica. Reparem como estas não-PC são bem mais raras (nota: faltam algumas localizações portuguesas).

Atenção, não quero com isto de forma alguma desvalorizar as PC, bem sei que elas são raras em Portugal; mas também sei a quantidade de outras plantas que são bem mais raras do que elas! Apenas estou a lembrar-vos de que estas outras também existem, e como tal temos de saber dar prioridades, por muito que isso nos custe (é como escolher entre o pai e a mãe... à partida parece impossível, mas em certos casos tem mesmo de ser). Claro que num mundo ideal, conservaríamos todas, mas de onde vem o dinheiro?
O bom nisto tudo é que, ainda que as Droseras, Pinguiculas e Utricularias não sejam protegidas, os seus habitats são (ao abrigo da Directiva Habitats). E isto ainda é melhor do que proteger as espécies, pois a lei protege o habitat mesmo que algumas espécies não estejam lá (as turfeiras são sempre protegidas), mas possam vir a estar. Sendo assim, indirectamente elas são protegidas por lei.
Já agora, sabem quantas espécies de plantas em Portugal deverão entrar para a lista negra? Quase 250... estão a ver a quantidade de espécies de plantas raras e em perigo que existem por cá...
Até!

Bem vindo à comunidade Mporto
Nunca tinha pensado nisso. E tens toda a razão.
Ao pensar nesses factos fico muito contente pelos drosos entrarem na lista negra. Pelos vistos foi uma sorte.

Uma adição à minha msg anterior - informei-me melhor e parece que possivelmente as Drosera e Pinguicula também entrarão para a "lista negra"
Não sei com que estatuto porém (há vários estatutos desde "em perígo crítico" - o mais forte - até "vulnerável" - o mais fraco). Mas isso não invalida a msg anterior! Há que saber dar prioridades e pensar também nas outras plantas.
Nota: a "lista negra" não tem valor legal, é um documento científico. Estarem na lista negra não quer dizer que serão protegidas por lei, mas poderá justificar a alteração da lei quando esta for revista.

Boas Miguel. Ainda bem que conseguiste tempo para te inscreveres. Tal como falamos é normal que nos viremos mais para as carnívoras. Não por egoismo mas por simples desconhecimento. Raros aqui são Biologos ou Botanicos e basicamente procuramos carnivoras na net não nos cruzando com as outras. Felizmente estás aqui para nos alertar. Acredito que muitos aqui estariam dispostos a ajudar as espécies que mencionaste. Mas infelizmente, e como disseste, tem que se estabelecer prioridades.

Claro que toda a gente aqui adora as plantas em si e não só as carnívoras. Sabes que podes contar comigo para o que precisares e sei que não vou ser o único a oferecer-me.

Mas agora acho que muita gente aqui precisa de saber isto. O que se pode fazer activamente para tentar salvar as plantas?

Pois é totalmente desconhecido da minha parte o que se pode fazer para as salvar. Desde as instituições que devo contactar, documentos, etc...

E claro como o Sérgio disse é normal que nos viremos para as carnívoras. Mas claro que gostamos de varias plantas, mas o nosso "egocentrismo" em carnívoras não nos fez pensar que existem outras espécies ainda mais ameaçadas e ainda mais raras. E claro essas têm prioridade. Aqui o bonito/feio não conta. Conta sim salvar a nossa flora em Portugal.

Mas pelos vistos há boas noticias eheheh

Já agora o facto de as turfeiras serem protegidas, abrange também as turfeiras moveis?

Abraços...

Desculpem se disse as coisas de forma demasiado agressiva, não queria insinuar nada sobre "egoísmo" ou "falta de conhecimento" - entendo perfeitamente o vosso fascínio pelas PC porque também já passei por ele - e mantenho-o mas estendi-o agora a todas as plantas (o que demorou vários anos!)!
Na minha opinião, e pelos nossos interesses, qualquer acção que façamos em prol da conservação tem de ser bem justificada e com argumentos tão consensuais quanto possível. Devemos evitar argumentos que soem a fundamentalismos para evitar cair no descrédito - e é fácil cair nisso. P.ex., se num dado sítio há Pinguicula lusitanica (que é uma planta que não é assim tão rara) e queremos lutar pela sua conservação, vale mais a pena investigar que outras plantas mais "sonantes" existem lá e argumentar principalmente com base nessas outras - mesmo que o nosso objectivo seja conservar a Pinguicula! Às vezes as plantas sonantes e protegidas até nem são raras (a lei actual não está lá muito bem feita nalguns casos, mas é o que temos e também não é assim tão má!), mas como estão na lei, podemos usá-las para nos defender!
Bom, agora não tenho muito tempo, mas vou tentar desenvolver mais esse assunto sobre o que se pode fazer (embora eu não seja a pessoa indicada para falar disso, porque pouco ou nada fiz na prática...)
Até!

Se não me engano, tudo o que é turfeira está protegido na Directiva Habitats, ver aqui as fichas detalhadas:
http://www.icn.pt/psrn2000/caract_habitat.htm
E também as charcas com Utricularias.
O problema é outro... mas isso fica para depois.
Nota, as turfeiras não são habitats assim tão móveis. O esfagno demora tempo a instalar-se, e a turfa demora a acumular-se e as outras plantas típicas podem ainda demorar mais tempo por falta de propágulos.

thanks pela boa e útil informação que nos tens dado E não te preocupes com a maneira com que falaste. Só nos alertas-te para uma realidade um pouco diferente do que se passa aos nossos olhos

Pelo que disseste, percebi que devemos fazer uma analise de todas as plantas existentes na região onde estão as carnívoras e não centrarmo-nos só nestas. Isto são pormenores que nunca me tinha lembrado. Afinal uma analise da área toda que vai ser destruída é muito mais valorizada que só falarmos das carnívoras. E ainda nos pode ajudar se houverem espécies em extinção também

Belas dicas

Abraços...

Exactamente. Lembra-te que nenhuma das nossas PC é protegida (apenas o seu habitat) nem nenhuma das nossas PC está em extinção; portanto falar delas, aos olhos de um político "ferrenho" dos piores, não diz absolutamente nada - só lhes interessa o que está na lei. O que não quer dizer que não se fale de outra forma, exemplo:
«Para além dos valores mencionados em cima [espécies protegidas, em extinção...], acresce ainda o facto de no local existir também uma população de Drosera intermedia, planta rara a nível nacional e de distribuição muito fragmentada, cuja conservação a nível regional deverá ser uma prioridade (...)»

Apesar de tudo o que disse, o caso não é tão mau assim: em muitos casos conseguimos justificar o valor de um sítio só com argumentos deste estilo, mesmo na ausência de espécies protegidas por lei. Tem é de ser bem justificado o valor, com o máximo de referências científicas a suportar.

Olá,

Só agora pude ler o que o user MPorto escreveu, e estou felicissimo!
Neste fórum a maioria gosta de botânica em geral e estou certo de que todos lutariam por qualquer espécie vegetal - e até animal!

"MPorto", devemos, então, começar o trabalho de pesquisa, nomeadamente de populações, e de outras espécies dessa mesma zona, de modo a podermos, uma a uma, notificar a sua existência? E a quem notificamos?

Quando o Sérgio perguntou o que podemos fazer de forma activa, penso que se referia também a trabalho de campo...

Muito obrigado pela sua inscrição, estou em crer que será uma mais valia nesta nossa "batalha"!

Cumprimentos,

Rafael Félix